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Projeto Psicanálise em Extensão

CURSO DE PSICANÁLISE COM CRIANÇAS – 2016 – Módulo I

 

Genealogia do Infantil em Sigmund Freud e Michel Foucault

Curso de psicanálise com crianças

Ao adjetivar a sexualidade humana como infantil, Freud se tornou protagonista de um duplo escândalo. Por um lado, o adulto não pode mais ser considerado um sujeito ideal que teria ultrapassado as etapas infantis de sua sexualidade, uma vez que foi nas análises de pacientes adultos que se descobriu que os sintomas neuróticos têm origem sexual: o infantil continua determinante na formação dos sintomas durante a vida. Por outro lado, a sexualidade da criança que empresta seu corpo à realização do sexual, possui o caráter “perverso e polimorfo”, deslocando a sexualidade humana de qualquer finalidade adaptativa.

Propomos percorrer um trajeto na obra de Sigmund Freud e de Michel Foucault para delimitar o ponto de ruptura introduzido pela tese freudiana da sexualidade infantil, bem como as suas consequências clínicas, éticas e políticas, particularmente na clínica com crianças, tendo em vista a posição da criança no discurso parental.

O curso será ministrado por Márcio Mariguela e Marta Togni Ferreira

Em parceria com a Týkhe Associação de Psicanálise de Campinas

http://www.tykhepsicanalise.com

Cronograma:

05 e 12/março; 02 e 09/abril; 07 e 14/maio; 04 e 11/junho.

Local: Rua Saldanha Marinho, 792 – Piracicaba – SP

Sábados: das 10h às 12h

Vagas limitadas: 30 – Certificado de Participação.

Contato e Inscrições: tyhkepsicanalise@gmail.com

A secretaria da Týkhe- Associação de Psicanálise funciona às terças e quintas-feiras, das 15 às 20h.

Contato: Marli, telefone (19) 3253-1945.

Formas de pagamento:

1 – R$ 645,00, em 3 x R$ 215,00

inscrição + 2 cheques pré-datados (09/04 e 07/05)  entregues em 05/03.

2 – R$ 500,00 a vista – no ato da inscrição.

3 – R$ 400,00 a vista para assinantes do Jornal de Piracicaba – comprovação no dia 05/03

Obs: a vaga será garantida com o envio do comprovante de depósito bancário até 3 dias depois de solicitar a inscrição e receber instruções para pagamento

 

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A formação do psicanalista e a ética da psicanálise: a questão da análise leiga

ceprc“A formação do psicanalista e a ética da psicanálise: a questão da análise leiga”

Marcio Mariguela

Psicanalista com graduação em Filosofia, doutor em Psicologia da Educação pela UNICAMP e autor do livro Psicanálise e Surrealismo: Lacan, o passador de Politzer (Jacintha Editores, 2007). marciomariguela.com.br

A polêmica sobre autorização para a prática da clínica psicanalítica eclodiu no IX Congresso da Associação Psicanalítica Internacional (IPA) em 1925. O grupo majoritário de médicos praticantes da psicanálise exigiam que a condução do tratamento deveria ser instituída como ato médico, excluindo assim os não-médicos do exercício da função. Em julho de 1926, Theodor Reik, formado em psicologia e um dos psicanalistas pioneiros do grupo de Viena, foi acusado legalmente de charlatanismo porque praticava a psicanálise na condição de leigo.

Neste contexto, Sigmund Freud saiu em defesa de Reik e dos demais analistas não-médicos publicando o ensaio “A questão da análise leiga: diálogo com um interlocutor imparcial” e assumindo a psicanálise leiga e que sua sobrevivência na história só seria possível se não ficasse restrita ao ato médico: “leiga significa não praticada por médicos, e a questão seria se também aos não médicos deve ser permitido praticar a psicanálise”.

No contexto da realidade brasileira, o Conselho Federal de Medicina emitiu um parecer (35/12) sobre a prática da psicanálise e concluiu: “não é ato privativo de médico, respondendo penal, civil e eticamente por seus atos todos os que a praticarem”. Também não é uma atividade regulamentada pelo Estado e, portanto, cabe a cada um que se autorize a praticar a psicanálise responder por seus atos.

O encontro visa atualizar a questão da autorização com os princípios da ética da psicanálise estabelecidos por Jacques Lacan em seu retorno a Freud. Com isso, pretendo articular a formação do psicanalista com os efeitos de transmissão da psicanálise reinscrevendo a posição de Freud: a psicanálise é leiga.

Data e hora: 20/02/2016 — Sábado às 9h30        Local: Av. 27, 528 —Anfiteatro (Interfone no. 4)

email para inscrições: cepsicanaliticosrc@gmail.com

Vagas Limitadas!

Aula Final do Seminário: “O Caso Sandor Ferenczi” – 2015

Data: 14/novembro – das 10 as 12h

Local: Tykhe Associação de Psicanálise de  Campinas

Saiba mais: http://www.tykhepsicanalise.com/#!seminarios/c1pbz

Sandor Ferenczi no divã de Sigmund Freud

A solicitação, explícita e intencional, de análise com Freud, formulada pelo médico hungaro Sandor Ferenczi na carta de 26/12/1912 é um marco no histórico da relação entre os dois amigos psicanalistas no período de 1908 a 1933. Entre Viena e Budapeste o serviço postal foi intenso. Ao longo das apresentações em forma de Seminário venho sustentanto uma hipótese interpretativa deste precioso material de pesquisas: Correspondencia Completa entre Freud & Ferenczi.

A demanda explicita de análise só foi possível quando a triangulação Freud-Jung-Ferenczi se rompeu. Há uma seqüência de cartas de Freud que antecedem a histórica carta de dezembro e são relevantes para acompanhar o desdobramento derradeiro: a ruptura com Carl Gustav Jung. e sua expulsão do movimento psicanalítico em 1914. Para concluir, publicamente, este percurso de trabalho com as cartas, vou resgatar os predicados atribuídos por Freud ao princípe herdeiro e, sobretudo, o modo como instigou o jovem Dr. Ferenczi ao ataque.

Exemplo:

Nas cartas deste período, Ferenczi relatou a dolorosa ladainha de sintomas conversivos implorando ao Professor tratamento para seu sofrimento. Freud, por sua vez, estava ocupado demais com sua situação em relação a Jung. Na carta de 28/07/912 deixou transparecer sua posição na transferencia com o amigo hungaro: “sigo com interesse todos os relatos sobre os seus acontecimentos mais intimos, mas continuo a pensaer que o único dever de amigo é deixá-lo em paz”. Na sequencia narrou amenidades de sua vida particular voltando ao tema principal: “no que diz respeito a Jung, agora está tudo totalmente claro”. Reproduziu a carta enviada por Jung e concluiu: “Jung está vivendo em neurose galopante. Seja como for que isso acabe, minha intenção de fundir judeus e goim a serviço da psicanálise parece-me, neste momento, fracassada (…) Envie lembranças a Frau G. de minha parte e não leve nada tão a sério. Só depois que que podemos saber o que foi a felicidade ou a infelicidade, o infortúnio”.

Em resposta, Ferenczi exultou: “Fico muito feliz que tenha aceito facilmente a defeccão de Jung. Isto prova que seu desesperaado esforço em criar um sucessor pessoal foi definitivamente deixado de lado e que o Sr. abandona a causa da psicanálise à sua propria sorte. Jung trata a psicanálise como uma disputa pessoal com o Sr. e não comoa algo científico e objetivo. Os demais suícos são submissos a ele e no fundo são todos anti-semitas”.

Na carta de 07/12/1912 Ferenczi inicia se desculpando pelo longo silencio epistolar em “consequencia da doença que me abate; eu não queria inquietá-lo com isso. Agora estou melhor e posso relatar-lhe em detalhes o histórico de sua evolução. Os sintomas corporais levaram a mim e ao médico especialista que me atendeu a suspeitar de Lues. A partir daí, mergulhei numa profunda depressão, algumas noites de insonia com taquicardia, emagrecimento e fraqueza muscular. O medo da sífilis se revelou, posteriormente, infundado; mas os sintomas persistiam”. Concluiu: “se houve um fator psíquico na patogenese de minha doença e se o seu objetivo foi reaproximar-me de Frau G., então a doença cumpriu seu dever. Os generosos atos de cuidado e atenção que ela me dedica tornaram-me mais receptivo ao amor maternal  (…) espero que pouco a pouco eu possa relatar mais da ciência e menos de doenças”.

A resposta de Freud veio certeira:”nunca acreditei, nem por nenhum instante, em sua sífilis. Há um traço hipocondríaco evidente na história de sua doença. Sou egoista o bastante para lhe desejar, justamente agora, uma pronta recuperação”. Em seguida, engatou novamente a querela com Jung: “ele é um doido, suas cartas oscilam entre a ternura e a arrogância presunçosa e todos os relatos (Jones, Brill) mostram que ele considera seus erros como grandes descobertas”.

Na sequencia, a carta revela surpreendente exercicio de autoanálise: “Estou novamente com aptidão para o trabalho e reiniciei a escrita do Totem e Tabu que estava boqueada. Resolvi analicamente a crise de vertigem em Munique reconhecendo um significado comum a todas as crises somáticas: as experiencias de morte que vivenciei precocemente”. Angustia atuante no contexto espécifico da vida de Freud: seus tres filhos estavam prestes a serem convocados para o campo de batalha da Primeira Guerra Mundial.

No estilo post scriptum, arrematou: “envie minhas devotas saudações à sua fiel enfermeira (Frau G.)”.

Jornada: A Escrita de Casos Clínicos

Psicanalista analisa contexto cultural entre Freud e Ferenczi

marcio-mariguela-evento-campinasFoto: Isabela Borghese/JP

Márcio Mariguela participa da Jornada: A Escrita de Casos Clínicos, em Campinas, promovida pela Tykhe Associação de Psicanálise.

O psicanalista e professor de filosofia Márcio Mariguela, que desenvolve trabalho clínico em psicanálise em Piracicaba, participa hoje da Jornada: A Escrita de Casos Clínicos, em Campinas, abordando contexto cultural entre Sigmund Freud e o médico húngaro Sandor Ferenczi na criação da psicanálise e sua extensão a  outros campos de estudos: literatura, artes plásticas e educacional. O evento, de acordo com ele, reúne psicanalistas e interessados no trabalho de transmissão da experiência clínica com a psicanálise através da escrita de casos clínicos de tratamento do sofrimento psíquico na atualidade. Mariguela foi articulista do Jornal de Piracicaba de 2012 a 2015 e atualmente escreve artigos para a Revista Arraso.

A programação do encontro, que começa às 8h30 e se estende até o fim da tarde, tem diversas mesas de discussões para variados temas. Mariguela disse que abordará um trabalho de pesquisa sobre a relação entre Freud e Ferenczi na histórica criação da psicanálise. “Ferenczi foi um dos pioneiros no processo de extensão e internacionalização da clínica psicanalítica e na formação de psicanalista. O arquivo com o qual analiso a relação transferencial são mais de 1.200 cartas cambiadas entre 1908 a 1933”, comentou o profissional, acrescentando que o propósito da jornada é agrupar todos os envolvidos com a psicanálise para debater o exercício terapêutico frente às diferentes perspetivas de diagnóstico e tratamento do sofrimento psíquico e suas extensões. Entre os outros temas a serem apresentados durante o dia estão Violência e escrita do Trauma, A Escrita de Caso na Clínica Psicanalítica com Crianças e O que se Aprende com a Escrita do Caso do Homem dos Ratos, de Freud.

Também já confirmaram presença palestrantes como Antônio Moreira de Lima Jr., Deborah Steinberg, Marta Togni Ferreira, Vera Colucci, Mauro Mendes Dias, Luiz Américo Valadão Queiróz, Gabriela Finazzi de Carvalho e Geison de Araújo Santos.

Fonte: Jornal de Piracicaba, 17/10/2015