Jacques Lacan, psicanalista francês, iniciou na década de 1950 um movimento retorno a Freud, defendendo a ética da psicanálise contra os apologistas da moral do ressentimento. Lacan tornou-se assim um dos autores mais inventivos na história da psicanálise. Amado e odiado com igual intensidade, seus “Escritos” e “Seminários” marcaram decisivamente a cultura contemporânea. Fundador de Escola soube incorporar em sua prática clínica toda a tradição filosófica do Ocidente, restaurando a lâmina cortante da verdade freudiana. Interrogando os psicanalistas de seu tempo, os convocou a responderem sobre o lugar que ocupam no tratamento do sofrimento psíquico e na extensão política de seu discurso e prática clínica.
O retorno a Freud implicou a re-inscrição de um discurso num domínio novo, pois como afirmou Michel Foucault na conferência “O que é um autor?” de 1969: “retorna-se ao que está marcado pelo vazio, pela ausência, pela lacuna no texto. Retorna-se a um certo vazio que o esquecimento evitou ou mascarou, que recobriu com uma falsa ou má plenitude e o retorno deve redescobrir essa lacuna e essa falta” . Daí esse perpétuo jogo que caracteriza esses retornos à instauração discursiva: “jogo que consiste em dizer por um lado: isso aí estava, bastaria ler, tudo se encontra aí; e, inversamente: não, não esta nesta palavra aqui, nem naquela ali, nenhuma das palavras visíveis e legíveis diz do que se trata agora”.
Presente na conferência de Foucault, Jacques Lacan tomou a palavra ao final para expressar sua gratidão afirmando: ”o retorno a Freud foi uma espécie de bandeira que levei em punho na conquista do campo freudiano; nesse aspecto, só posso agradecer-lhe: você correspondeu inteiramente à minha expectativa. A propósito de Freud, evocando especialmente o que significa o retorno a, tudo o que você disse me parece, pelo menos do ponto de vista em que eu pude nele contribuir, perfeitamente pertinente”.
O movimento de retorno a Freud foi instaurado pela retomada de três livros fundadores: “A Interpretação dos Sonhos”, “Sobre a Psicopatologia do Cotidiano” e “O chiste e suas relações com o inconsciente”. Nelas Lacan encontrou as indicações precisas para cartografar o campo psicanalítico. A proposta do Grupo de Estudos, nomeado no plural, “Leituras de Freud” tem como objetivo seguir os trilhamentos do movimento de retorno a Freud resgatando um trabalho de leitura dos livros escolhidos por Lacan. Vamos iniciar com ”Sobre a Psicopatologia do Cotidiano”, publicado em 1901.
Jacques Lacan
O Grupo de Estudos está inserido no projeto Psicanálise em Extensão e terá início no mês de agosto de 2010 com encontros quinzenais sempre na 2ª feira das 19h30m as 21h30m.
Os encontros ocorrerão na Clínica de Psicanálise situada na Rua Prudente de Moraes, 1314 – Bairro Alto – Piracicaba-SP.
Os interessados deverão enviar email para mmariguela@gmail.com e agendar uma entrevista.
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