M. C. ESCHER RIND 1955

GRUPO DE ESTUDOS EM FREUD 2º semestre – 2018

A SEXUALIDADE NA ETIOLOGIA DAS NEUROSES:

GENEALOGIA DO SUPEREU

Coordenação: Márcio Mariguela

 

Cronograma:

01, 15, 29 agosto; 12 e 26 setembro;

10 e 24 outubro; 14 e 28 novembro

Quarta-Feira das 19h30 às 21h30

Pagamento: R$ 70,00 a cada encontro

Local: Rua Saldanha Marinho, 792 – Piracicaba/SP

Inscrição para iniciantes: mmariguela@gmail.com

“Para Freud, o supereu é uma instância de sua 2ª tópica que se destaca do eu para julgá-lo e que mergulha suas raízes no isso [inconsciente]. Ele se forma a partir de falas ouvidas dos pais ou seus substitutos. (…) O supereu é um imperativo dissociado, destacado das leis simbólicas da linguagem. Ele é uma cisão nas relações do sujeito ao simbólico. Ele é o sabotador interno. É o Tu que toma posse da casa e ejeta o sujeito. É o caroço da palavra; uma voz obscena e feroz.”

Erik Porge, A Voz do Eco

Enunciado:

No artigo “Neurose e Psicose”, escrito em 1923, Sigmund Freud estabeleceu a etiologia comum à irrupção de uma psiconeurose ou psicose: “a frustração, a não realização de um daqueles desejos infantis nunca sujeitados, tão profundamente enraizados em nossa organização filogeneticamente determinada”.

A descrição de um agente psíquico responsável pela manutenção da frustração impunha uma nova cartografia do aparelho psíquico:

“O comportamento do supereu deve ser levado em consideração, o que não se fez até agora, em todas as formas de doença psíquica. Podemos, no entanto, postular provisoriamente que tem de haver afecções baseadas num conflito entre eu e supereu. A análise nos dá o direito de supor que a melancolia é um exemplo típico desse grupo, e reivindicamos para esses distúrbios o nome de ‘psiconeuroses narcísicas’”.

A proposta de trabalho para 2018 é investigar o estatuto da tese da etiologia sexual dos sintomas nas neuropsicoses, na nova estrutura do aparelho psíquico, arquitetado por Freud depois de 1920. A tradição psicanalítica nomeou como a 2ª tópica: Eu, Supereu, Isso (ego, superego, id).

Qual a genealogia do Supereu e sua atuação clínica marcada pela pulsão de morte? Considero os dois ensaios de Freud Além do Princípio do Prazer (1920) e O Eu e o Id [isso] (1923) fundamentais para identificar o destino da pulsão sexual confrontada com a pulsão de morte, emergente nos confins do princípio de prazer.

Admitindo o dualismo pulsional: Eros (pulsão de vida) e Tánatos (pulsão de morte); depois de atravessar os desfiladeiros do discurso da microbiologia,

Freud afirmou em Além…: “O que na ciência encontramos sobre a gênese da sexualidade é tão pouco, que o problema pode ser comparado a uma escuridão em que nem o raio de luz de uma hipótese ainda penetrou”.

É no Simpósio de Platão, em especial, no discurso de Aristófanes em louvor a Eros, que Freud encontrou um raio de luz da hipótese para identificar a gênese da sexualidade: o retorno da bissexualidade constitutiva na pulsão sexual, desde o advento da psicanálise no final do século 19, reaparece em 1920 na interpretação que fez do mito andrógeno narrado por Aristófanes: a pulsão de vida (Eros) rege o desejo de fundir-se, enlaçar-se, enovelar-se.

No último (VII) capítulo do ensaio APP, encontra-se o conjunto das premissas para a montagem do 2º modelo de funcionamento do aparelho psíquico: Eu, Supereu, Isso; é neste conjunto que iremos ler o texto de 1923, escolhido para este 2º semestre.

Bibliografia Básica:

FREUD, Sigmund. Além do Princípio do Prazer. In: Obras Completas – volume 14. Tradução Paulo César Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

FREUD, Sigmund. O Eu e o Id (1923); Neurose e Psicose (1924); O problema econômico do masoquismo (1924); In: Obras Completas – volume 16. Tradução: Paulo César Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

PORGE, Erik. Voz do Eco. Tradução: Viviane Veras. Campinas-SP: Mercado de Letras, 2014.

AMBERTÍN, Marta Gerez. Las Voces del Superyó: em la clínica psicoanalítica e em el malestar em la cultura. Buenos Aires: Letra Viva, 2007.

MONZANI, Luiz Roberto. “A raiz do inconsciente”in: Freud: o movimento de um pensamento. Campinas: Editora Unicamp, 2ª edição, 1989