OS ESCRITOS DE JACQUES LACAN
Módulo 3: A fala vazia e a fala plena na realização psicanalítica do sujeito
Coordenação: Márcio Mariguela
Cronograma:
08 e 22 agosto; 05 e 19 setembro; 03 e 17 outubro; 07 e 21 novembro
Quarta-Feira: 19h30 às 21h30
Local: Rua Saldanha Marinho, 792 – Piracicaba/SP
Pagamento: R$ 600,00 por 8 aulas de 2 horas
Inscrições até 07/agosto/2018 por email: mmariguela@gmail.com
Vagas limitadas
Enunciado:
“Quer se pretenda agente de tratamento, de formação ou de sondagem, a psicanálise dispõe de apenas um meio: a fala do paciente. A evidência desse fato não justifica que se negligencie. Ora, toda fala pede uma resposta. Mostrarei que não há fala sem resposta, mesmo que depare com o silencio, desde que ela tenha um ouvinte, e que é esse o cerne de sua função na análise”
Jacques Lacan, Abertura do Discurso de Roma
Após construir as ferramentas para o trabalho de leitura dos Escritos de Jacques Lacan, reunidos em livro publicado em 1966, prosseguimos neste módulo 3 com a escolha do relatório apresentado no Congresso da Sociedade Francesa de Psicanalise, realizado no Instituto de Psicologia da Universidade de Roma em setembro de 1953: “Função e Campo da fala e da linguagem em psicanálise”.
Nos módulos 1 e 2 do Curso de Extensão em Psicanálise, construímos o contexto histórico da publicação dos Escritos e a questão do estilo na escrita de Lacan no conjunto de textos redigidos ao longo de sua inserção no movimento psicanalítico francês desde 1932, com a publicação de sua tese de doutorado em psiquiatria, intitulada Da psicose paranoica e suas relações com a personalidade.
O estilo retórico na escrita de Lacan deve ser remetido à prática da retórica pelos sofistas e, em especial, à função das cartas exortativas na antiguidade clássica. Afinal, como disse em maio de 1965 no O Seminário 12 – Problemas Cruciais para a psicanálise: “O psicanalista é a presença do sofista na nossa época, mas com outro estatuto.”
O nomeado Discurso de Roma é um registro histórico de grande valor para reinscrever a prática clínica da psicanálise no campo de sua emergência e na ética que sustenta a posição do psicanalista frente as múltiplas técnicas de tratamento do sofrimento psíquico na atualidade.
O relatório escrito por Lacan interrogou de forma contundente os psicanalistas de seu tempo e mantém o vigor da retórica sofistica ao lançar as palavras que atravessam o tempo para convocar os que ainda insistem em ocupar a função de ouvintes do sofrimento psíquico no mal-estar na civilização:
“método de verdade e de desmistificação das camuflagens subjetivas, manifestaria a psicanálise uma ambição desmedida ao aplicar seus princípios à sua própria corporação, isto é, à concepção que têm os psicanalistas de seu papel junto aos que sofrem, de seu lugar na sociedade dos espíritos, de suas relações com seus pares e de sua missão de ensino?”
Bibliografia Básica:
LACAN, Jacques “Função e Campo da fala e da linguagem em psicanálise”. In: Escritos. Tradução: Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
PORGE, EriK “Imaginário, Simbólico, Real e os Nomes do Pai”. In: Jacques Lacan, um psicanalista – percurso de um ensino. Brasília: Editora UNB, 2006.
CERTEAU, Michel de “Lacan: por uma ética da fala/palavra”. In: História e Psicanálise: entre ciência e ficção. 2ª edição. Belo Horizonte: Autêntica, 2016
ROUDINESCO, Elisabeth “Elementos de um sistema de pensamento”. In: Jacques Lacan: Esboço de uma vida, história de um sistema de pensamento. São Paulo: Cia das Letras, 1994.
DUNKER, Cristian “A estrutura do tratamento psicanalítico”. In: Estrutura e constituição da clínica psicanalítica: uma arqueologia das práticas de cura, psicoterapia e tratamento. São Paulo: Annablume, 2011.
_____________Por que Lacan? In: Coleção Grandes Psicanalistas. São Paulo: Zagodoni, 2016
Leia o programa de trabalho dos módulos 1 e 2:
https://marciomariguela.com.br/category/grupo-estudos/
Fonte Imagem: https://www.mcescher.com/gallery/switzerland-belgium/no-18-two-birds/