MÁRCIO MARIGUELA, ANA MARIA FACCIOLI DE CAMARGO, REGINA MARIA DE SOUSA (orgs.)
2009 • 206p.
Editora: Alínea e Átomo
ISBN-10: 8575163620
A instituição escolar tem sido tematizada quase à exaustão. E um de seus aspectos que vêm sendo traba-lhados são estudos sobre o cotidiano da escola, as práticas que ali proliferam e as dimensões teóricas que estas práticas podem ensejar.
O cotidiano da escola tem um forte caráter de repetição, de normalização, de exaustão: todo dia ela faz tudo sempre igual…, para retomar um verso da canção de Chico Buarque lembrada na Apresentação deste livro. Todo dia, a escola parece fazer tudo sempre igual; os professores parecem repetir o mesmo, convidando (obrigando?) os estudantes a também fazerem o mesmo. Esta exaustão do mesmo produz angústia, produz depressão, produz sintomas – em professores e em estudantes -, como alguns dos capítulos desta obra explicitam.
Mas será que a repetição normalizadora do cotidiano escolar produz apenas angústia e exaustão? Felizmente, não. E os capítulos deste livro também nos mostram isso. A repetição também pode gerar diferença, se houver criatividade; o cotidiano da escola é também um campo de criação de possibilidades, de instauração de acontecimentos.
A leitura desta obra faz-nos lembrar de um antigo poema de Drummond (A flor e a náusea), no qual lemos:
Uma flor nasceu na rua! /…/ É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.
A normalização e a exaustão com o mesmo do cotidiano cobrem nossas práticas como um asfalto escuro e viscoso; mas podemos rasgar a espessura e fazer brotar flores. Às vezes, pequenas e feias, mas flores, contrastando o asfalto. São essas pequenas flores, as novas linhas inventadas no cotidiano da escola, de que trata este livro.