O chiste e suas relações com o inconsciente (1905)
Cronograma: 08 e 22 agosto; 05 e 19 setembro; 03, 17 e 31 outubro, 07 e 21 novembro
R$ 30,00 por encontro = R$ 270,00 – Inscrição por email até 03/08 – vagas limitadas: 15
Por ocasião do centenário de nascimento de Freud, Jacques Lacan proferiu a conferência “Freud no Século” aos estagiarios em psiquiatria no Hospital Salpêtrière, local onde Freud fez sua propria residencia médica junto ao Dr. Charchot. Destacou os livros “A Interpretação dos Sonhos”, “A psicopatologia da vida cotidiana” e “O chiste e suas relações com o inconsciente”, como os fundamentos do campo da psicanálise e aos mesmo tempo o leme do movimento de retorno a Freud instaurado pelo psicanalista françes desde a década de 1950. Elas contem o tema central do Seminário 5 “As formações do inconsciente”. Sonhos, sintomas, atos falhos, lapsos e os chistes são elementos de um conjunto e como tal possuem as mesmas características: são formações do inconsciente.
No decurso/percurso da proposta do grupo de estudos em Freud, chegou a vez de nos determos na leitura do livro dos chistes e assim completar o trabalho de retornar a Freud pelas obras fundadoras destacadas por Lacan. As particularidades desse livro é um desafio adicional para leitura em nossa lingua materna. A tradução dos chistes (Witz) escolhidos por Freud perde toda a graça e o leitor portugues logo se cansa por não encontrar literalidade que permitiria o riso e assim, é convocado a seguir argumentos de Freud sem o substrato essencial. O texto fica sem graça uma vez que o jogo com a sonoridade da palavra, sua expressão verbal, é a matéria prima dos chistes. Eles fazem rir por uma certa torção no campo da significação, instaurando o nonsense. Lacan não se curvou diante do desafio e propôs traduzir Witz por dito espirituoso, tirada espirituosa, que tem o único proposito de produzir o riso. A fluidez semântica é deslocada para o que tem espirituosidade. Nessa estratégia, encontramos uma nova e inusitada forma de abordar o inconsciente com graça e leveza. Contrário a pratica clínica que cada vez mai perde a graça, Lacan conduziu seus ouvintes e a nós, seus leitores, a retornar ao texto e a clínica freudiana com a espirituosidade que a ética da psicanálise requer daqueles que pretendem uma formação ancorada nas formações do inconsciente.