Seguimos destacando o pressuposto para incursão nas versões da peça teatral El Burlador de Sevilha ao longo da história da literatura moderna. Antes de adentrar na estrutura textual da versão atribuída a Tirso de Molina no alvorecer do século 17, convém retornar ao argumento do escritor-filósofo Albert Camus no ensaio O Mito de Sísifo publicado no contexto da 2ª Guerra Mundial.
Na terceira parte do ensaio (O Homem Absurdo), Camus escolheu Don Juan como protótipo moderno do herói mítico (Sísifo) da antiguidade grega. Se for imprescindível reconhecer Sísifo feliz, de igual modo, podemos reconhecer Don Juan feliz. Esse aspecto é determinante na leitura das diferentes versões do mítico Don Juan. A alegria transbordante do “donjuanismo” foi destacada com precisão: Don Juan é um personagem da “commedia dell’arte”; do teatro comédia encenado nas praças públicas. Representar suas aventuras burlescas era sinônimo de sucesso para qualquer companhia de teatro na Europa moderna. Seu apelo popular era pura diversão: riso fácil.