Márcio Mariguela – Psicanalista e Prof. De Filosofia Contemporânea / UNIMEP
Data – 31 de Agosto de 2013
Horário – 10h Valor – 50,00*
Local – EPC – Escola de Psicanálise de Campinas
Rua Padre Almeida, 515/42 – Cambuí – Campinas/ SP
Inscrições – epsicamp@uol.com.br
*membros da EPC isentos
Em sua Resposta a estudantes de filosofia (in: Outros Escritos, p. 218) sobre a relação entre psicanálise e antropologia, Jacque Lacan foi categórico:
“De fato, a psicanálise refuta qualquer ideia até hoje apresentada pelo homem. Convém dizer todas, por mais numerosa que fossem, já não sustentavam em nada desde antes da psicanálise”.
E concluiu:
“Uma interpretação cujos efeitos compreendemos não é uma interpretação psicanalítica. Basta ter sido analisado ou ser analista para saber disso”.
Retorno para falar do dispositivo cartel e passe. Se eles foram inventados por Lacan para fundar sua Escola e ao funda-la, submeteu a eficácia deste significante Escola aos dois dispositivos operacionais, então temos um problema básico na lógica de formação: para haver Escola é condição sine qua non haver cartel e passe. É possível garantir o funcionamento da Escola com apenas um destes dispositivos? Pode haver Escola sem passe, mas não pode haver Escola sem cartel. Vou partir de um argumento da psicanalista Anni Tardits, apresentado na Escola Letra Freudiana, em maio 2003:
“interesse teórico que Lacan dedicou à questão do coletivo, do número e do tempo permitiram a ele inventar dois dispositivos para tratar o real em jogo na formação.”
Sobre o cartel como dispositivo afirmou:
“o cartel é um lugar privilegiado para sustentar, com alguns outros, essa relação singular ao saber e ao não-saber que a psicanálise implica”.
Reconhecer a necessidade de alguns outros da comunidade analítica é uma maneira de reconhecer a marca da castração na falta de saber. A estrutura do cartel permite que cada um trabalhe ali como sujeito, com outros sujeitos. O cartel é um lugar privilegiado, onde advém encontros com o saber de um texto ou com o saber de um outro. Ao acaso desses encontros, o sujeito pode estabelecer um laço entre o saber que se constrói em sua análise, com o saber inconsciente, o saber clínico aprendido nas análises que ele conduz e o saber que Freud, Lacan e outros elaboraram.