CURSO DE EXTENSÃO EM PSICANÁLISE
Ministrado por Marcio Mariguela, psicanalista e professor de filosofia
Cronograma: 16/03; 13/04; 18/05; 15/06
Sábados, das 9 as 12h – 20 vagas –
R$ 200,00 – Certificado de Participação
Local: Rua Prudente de Moraes, 1314 – Bairro Alto – Piracicaba-SP
Inscrição: mmariguela@gmail.com
Enunciado:
Nas recomendações aos praticantes da psicanálise em 1912, Sigmund Freud ofereceu as regras técnicas do tratamento psicanalítico narrando o percurso de sua laboriosa experiência na clínica. Seu estilo foi enunciado garantindo o lugar para que outros psicanalistas, depois dele, possam também inscrever, cada um o seu: “As regras técnicas que ofereço resultaram de longos anos de experiência, depois de à própria custa encetar e abandonar outros caminhos (…) mas devo enfatizar que essa técnica revelou-se a única adequada para minha individualidade”.
Num dos itens recomendados, fez a seguinte reivindicação: “Um dos méritos que a psicanálise reivindica para si é o fato de nela coinsiderem pesquisa e tratamento; mas a técnica que serve a uma contradiz, a partir de certo ponto, o outro”. Freud descartou usar as denominações cientificadas para enquadrar um caso. Para ele, “são mais bem-sucedidos os casos em que agimos como sem propósito, surpreendendo-nos a cada virada, e que abordamos sempre de modo despreconcebido e sem pressupostos”. Esta posição requer uma demarcação das estruturas clínicas das neuropsicoses, pois tal plasticidade permite um manejo da transferência específico a cada caso clínico: neurose histérica, neurose obsessiva, psicose, perversão.
Seguindo com a proposta de reinscrever as estruturas clínicas na atualidade da psicanálise, neste semestre vamos abordar a neurose obsessiva na obra freudiana para interrogar as características próprias da posição do sujeito obsessivo diante do desejo. Pois, como ensinou Jacques Lacan, “é um fato da experiência comum, e antes de qualquer coisa da investigação analítica dos obsessivos, perceber o lugar ocupado no obsessivo pelas fantasias sádicas (…) quando vemos um obsessivo em estado puro, em estado natural (…) encontramos alguém que nos fala, acima de tudo, de toda sorte de empecilhos, inibições, bloqueios, medos, dúvidas e proibições (…) ele nos confiará então a invasão mais ou menos predominante de sua vida psíquica por fantasias (…) elas tem como característica, nos sujeitos obsessivos, permanecer em estado de fantasias. Só se realizam de maneira totalmente excepcional, e essas realizações são para o sujeito, aliás, sempre decepcionante. Com efeito, observamos nessas ocasiões a mecânica da relação do sujeito obsessivo com o desejo – à medida que ele tenta aproximar-se do objeto, nas vias que lhe são propostas, seu desejo se amortece, a ponto de chegar à extinção, ao desaparecimento. O obsessivo é um Tântalo”.
Bibliografia básica:
FREUD, S. “As Neuropsicoses de Defesa” (1894) – Edição Standard Obras Completas, vol. III, Rio de Janeiro: Imago, 1976.
________ “Observações Adicionais sobre as neuropsicoses de defesa” (1896) – Idem, vol. III
________ “Atos Obsessivos e práticas religiosas” (1907) – Idem, vol. IX
________ “Notas sobre um caso de neurose obsessiva” (1909) – Idem, vol. X
________ “A disposição à neurose obsessiva” (1913) – Idem, vol. XII
________ “Neurose e psicose” (1924) – Idem, vol.XIX
LACAN, J. “O obsessivo e seu desejo” in: Seminário 5 – As Formações do Inconsciente. Rio de Janeiro: Zahar, 1999.
DOOR, Joel “A estrutura obsessiva” in: Estruturas e clínica psicanalítica. Rio de Janeiro: Taurus-Timbre, 1991.