GRUPO DE ESTUDOS EM LACAN – 1º SEMESTRE/2016

Seminário 5 – As Formações do Inconsciente

Dialética do desejo e da demanda na clinica e no tratamento das neuroses

Cronograma: 03 e 17/fevereiro; 02, 16 e 30/março; 13 e 27/abril;

11/maio; 08 e 22/junho

Quarta-Feira das 19h30 às 21h

Pagamento: R$ 60,00 a cada encontro

Local: Rua Saldanha Marinho, 792 – Piracicaba/SP

Inscrição para iniciantes:

Agendar entrevista através do email: mmariguela@gmail.com

Enunciado:

Iniciamos em 2013 o trabalho de leitura do Seminário 5, ministrado por Jacques Lacan entre 1957-1958. São 28 aulas organizadas em 4 partes: 7 lições que compõem a 1ª parte (As Estruturas Freudianas do Espírito); 6 na 2ª (A Lógica da Castração); 6 na 3ª (O valor de significação do falo); e 9 na 4ª (Dialética do desejo e da demanda na clínica e no tratamento das neuroses).

Neste 1º semestre/2016 concluiremos o percurso com a lição 23 (O obsessivo e seu desejo) e as demais que articulam a transferência e a significação do falo no tratamento das neuroses. Na neurose histérica e na neurose obsessiva, Lacan aplicou seu aparato conceitual desenvolvido desde a 1ª lição. As lições finais compõem uma espécie de laboratório para os que inscrevem sua função psicanalista, praticante da psicanálise.

 

Admitindo por princípio que “o desejo se ordena pelo significante”, a escuta clínica dos sintomas que estruturam as neuroses exige um deslocamento radical do campo da moral. É somente por situar sua clínica pelo rigor da ética da psicanalise que um psicanalista deve ter atenção redobrada para não cair no sedutor papel de diretor da consciência.

Na conferência “A direção do tratamento e os princípios de seu poder” (junho/1958), Lacan deixou claro que para “ser efetiva, a análise não pode afastar-se, na transferência, da lei interna ao reconhecimento do desejo inconsciente”. Nos comentários à conferencia, Elisabeth Roudinesco destacou as 3 condições necessárias para que o desejo seja reconhecido: “1) o analista deve pôr em jogo a primazia de seu ser em vez da submissão a uma técnica; 2) deve recusar ceder às demandas do analisando, única maneira de impor um limite à onipotência narcísica do eu; 3) deve dar todo o poder à fala, único modo de introduzir o sujeito a uma verdadeira liberdade, isto é, à consciência da infelicidade que o exercício da liberdade supõe”.

O débito em jogo nas 3 condições diz respeito à ética da psicanálise que subverte o dever moral (Tu deves) pelo sentido pronominal: estar obrigado a uma lei inelutável à qual o sujeito está submisso, independentemente de sua vontade consciente. O deve como pronome exige uma capacidade, lógica ou naturalmente previsível, que atribuímos ao sujeito; uma necessidade ou obrigação que é conferida ao processo denotado pelo verbo principal: tratar. O psicanalista dirigi o tratamento e tem obrigação de conhecer os princípios do seu poder.

As lições finais serão comentadas tendo como cenário principal a conferencia de 1958 pois admito que ela foi redigida por Lacan como grand finale de todo o percurso de seu ensino no Seminário 5.

Bibliografia Básica:

LACAN, Jacques “As três formas da falta de objeto” in: Seminário 4 – A relação de Objeto. Rio de Janeiro; Jorge Zahar Editor, 1995.

____________ “A direção do tratamento e os princípios de seu poder” In: Escritos. Rio de Janeiro; Jorge Zahar Editor, 1998.

ROUDINESCO, Elisabeth “Elementos de um sistema de pensamento” In: Jacques Lacan: esboço de uma vida, história de um sistema de pensamento. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

PORGE, Erik “As estruturas clínicas” e “O simbólico. O inconsciente é estruturado como uma linguagem” In: Jacques Lacan, um psicanalista: percurso de um ensino. Brasília: Editora UnB, 2006.