Promovido pelo Diretório Central dos Estudantes da UNIMEP
Objetivos:
1 Instaurar um espaço de transmissão do saber filosófico e psicanalítico para além da sala-de-aula que possa reunir discentes de diferentes cursos para estudo e pesquisa na obra de Sigmund Freud e Friedrich Nietzsche.
2 Estabelecer um critério de transversalidade para sustentar a relação entre Freud e Nietzsche e desdobrar assim uma estratégia de formação cultural pelo diálogo entre pensadores da cultura contemporânea.
3 Definir um campo conceitual que permita articular problemas específicos da ética e de uma genealogia da moral.
4 Criar uma Revista Digital que possa veicular a produção de textos produzidos pelos membros do grupo de estudos.
Justificativas:
Os encontros do Grupo de Estudos pretendem sustentar uma interlocução entre pontos específicos da obra de Sigmund Freud e Friedrich Nietzsche. Partiremos do seguinte pressuposto: Freud, o inventor da psicanálise, foi um leitor curioso do pensamento filosófico de Nietzsche. Há referências explicitas ao nome de Nietzsche nas obras de Freud.
Contemporâneos da emergência dos estudos filológicos, ambos determinaram os desdobramentos das técnicas de interpretação no século XX. Para além de apontar influências ou débitos intelectuais por em relação os nomes Freud e Nietzsche implica constatar, primeiramente, que ambos partilham de um cenário histórico comum. Nada consta que tenham se encontrado.
Freud fez referência às idéias de Nietzsche em pelo menos três momentos no conjunto de sua obra: 1- no parágrafo acrescentado em 1919 no final do item B (“Regressão”) do capítulo VII (“A psicologia dos processos oníricos”) da Die Traumdeutung [A Interpretação dos Sonhos]; 2 – na nota de rodapé no escrito de 1923, O Ego e o Id; 3- no capítulo X “A Massa e a Horda Primitiva” do livro A Psicologia das Massas e Análise do Eu, publicado em 1921.
Ao longo deste século, diferentes autores tematizaram a relação Freud-Nietzsche. Paul-Laurent Assoun, por exemplo, comentou a estranha contemporaneidade entre Freud e Nietzsche, citando a ata da Sessão de 01 de Abril de 1908 da Sociedade Psicanalítica de Viena em que Freud afirmou que não conhecia a obra de Nietzsche, que nunca conseguiu estudá-lo, que não ia além de meia página nas tentativas de lê-lo. Citou também duas outras ocasiões em que Freud disse ter recusado o grande prazer proporcionado pela leitura de Nietzsche e ter evitado, por muito tempo, o contato com sua escrita.
Michel Foucault alinhou Nietzsche, Freud e Marx para analisar as rupturas que cada um, a seu modo, realizou na hermenêutica moderna. No Colóquio Nietzsche, realizado em 1964, Foucault afirmou: “No primeiro volume do Capital, textos como o Nascimento da Tragédia, e A Genealogia da Moral, a Traumdeutung, situam-nos de novo ante técnicas interpretativas. E o efeito do seu impacto, o gênero de ferida que estas obras produziram no pensamento ocidental, deve-se provavelmente ao fato de terem significado para nós o que o mesmo Marx qualificou de ‘hieroglíficos’. O que nos coloca numa posição incômoda, já que estas técnicas de interpretação nos dizem respeito, e que nós, como intérpretes, teremos que interpretarmo-nos a partir destas técnicas”.
Público Alvo:
Discentes dos cursos da Faculdade de Ciências Humanas e demais interessados na obra de Freud e Nietzsche; Professores de Filosofia e História que trabalham na rede pública ou privada; Profissionais da Psicologia
Docente Responsável:
Prof. Dr. Márcio Mariguela – (FCH-Unimep)
Promoção: Diretório Central dos Estudantes
Horário: 2 encontros mensais aos sábados das 9 as 12 horas
Início: 10/04/2010