CONVITE PARA O DIÁLOGO CINEMÁTICO
Filme: MADAME BOVARY – Direção: Claude Chabrol, 1991 (Versátil)
Dia: 25 de Setembro de 2009 – 15h – Entrada Franca – Vagas Limitadas (30)
Mediador: Ivan Gomes Tavares (filósofo e professor)
Local: Rua Prudente de Moraes, 1314 – Bairro Alto – Piracicaba – SP
Inscrição por email: mmariguela@gmail.com
“A histeria é a salvação das mulheres” (Dostoievski – Os Irmãos Karamázovi)
“A histeria foi a maneira efetiva pela qual as pessoas se defendiam da demência; a única maneira de não ser demente, num hospital do século XIX, era ser histérico, isto é, era opor ao impulso que aniquilava, apagava os sintomas, a constituição, a ereção visível, plástica, de toda uma panóplia de sintomas e resistir à assinalização da loucura como uma realidade pela simulação. O histérico tem sintomas magníficos, mas, ao mesmo tempo, esquiva a realidade da sua doença; ele se coloca contra a corrente do jogo asilar e, nessa medida, saudemos os histéricos como os verdadeiros militantes da antipsiquiatria” (Michel Foucault – O poder psiquiátrico)
A histeria é um conjunto de sintomas que são representados na clássica personagem Madame Bovary do escritor Gustave Flaubert. A interpretação cinematográfica da personagem foi belamente construída por Claude Chabrol – morto recentemente. Ao escolher a exuberante e refinada atriz Isabelle Huppert para encarnar Madame Bovary, o diretor francês revelou-se como um verdadeiro Balzac nas telas.
O enlaçamento da histeria com a loucura pode ser remetido ao clássico Elogio da Loucura de Erasmo de Rotterdam, no século XVI. Para o filósofo holandês, a vida é doce e preciosa. Mas o que seria a vida sem a loucura, isto é, sem amor, sem irreflexão, sem esquecimento, sem volúpia, sem embriaguês, sem riso, sem diversão, sem alegria? Sem loucura, sabedoria alguma tem valia. E se isto se refere aos homens, ainda mais se refere às mulheres, porque as mulheres são sempre loucas, seja qual for a máscara sob a qual se apresentam, consistindo justamente isso sua força e seu poder.
Madame Bovary ilustra bem a tragédia da mulher nos tempos modernos, quiça entrevista por Erasmo: educada e inteligente, amante da beleza, da liberdade e do amor – o que buscou sem descanso até o fim – experimentou a solidão, o tédio, a angústia, a inconstância e por fim a morte. E é nisto que está a sua grandeza e o que nos deixa a todos admirados.
Indicações de leituras:
FLAUBERT, Gustave Madame Bovary. Tradução de Araujo Nabuco. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
ERASMO DE ROTTERDAM Elogio da Loucura. Tradução Paulo M. Oliveira. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 4ªedição, 1998.
FOUCAULT. Michel O poder psiquiátrico. Curso no Collége de France (1973-1974). Tradução Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
KEHL, Maria Rita “A mulher freudiana na passagem para a modernidade: Madame Bovary”, In: Deslocamento do Feminino. Rio de Janeiro: Imago, 1998
Assista ao trailler: http://www.youtube.com/watch?v=kZcrUWCy8T0
Noticia da morte de Chabrol: