Diálogo Cinemático: À Deriva

 

Filme:  À Deriva (Brasil, 2009, diretor.: Heitor Dhalia)

data: 23/10 – Sábado – 15hs

Local: Rua Prudente de Moraes, 1314 – Bairro Alto – Piracicaba – SP

Vagas limitadas: 30  –  inscrição: mmariguela@gmail.com – Entrada Franca

Mediador:   Heitor Amílcar ( jornalista,  editor e membro do Grupo de Estudos em Psicanálise de Rio Claro)

O caminho pelo qual uma menina se torna adulta é quase uma alquimia: existe um fio tênue, mas decisivo, que separa um desejo paterno incestuoso de um olhar do pai que confira à menina a certeza de que ela é desejável como mulher.  (Contardo Galligaris)

Ao eixo central de À Deriva – a transformação da filha menina em mulher, passagem marcada pelo olhar do pai (em seu desejo), constituindo aquilo necessário para que aprenda a amar e a ser amada fora de casa – cabe ser acrescido algo que perpassa a própria narrativa do filme. O olhar de Filipa é o fluxo principal desse contar: as impressões dela tendem a dar a ideia efetiva sobre os fatos ocorridos. Mas, no filme, cada personagem  acaba sendo constituído um pouco culpado e um pouco inocente, aliás, como na vida de todos nós. Mas essa tendência inicial de se enveredar, como nos é tão comum, pela primeira impressão, pela versão inicial, leva ao fim à percepção de que, no mais das vezes, estamos é boiando, à deriva, posto ser a realidade constituída também pela dinâmica e complexidade de outros viventes. Nesse sentido, o conceito lacaniano de sujeito suposto saber e de sua concepção de psicanálise como ética podem ser tidos com abordagens mais difusas de ser capturadas nesse balouçante olhar sobre as emoções – próprias e as do outro.

Sinopse : Durante as férias da família em Búzios, Filipa – a estreante Laura Neiva, com 14 anos –, ao lado do pai escritor (Vincent Cassel) e da mãe com tendência ao alcoolismo (Débora Bloch), deixará a inocência para ingressar na vida adulta. Nisso, precisa lidar com questões como confiança, maturidade e liberdade, tendo como pano de fundo a quebra de harmonia familiar. Em seu formato, o contraste estabelecido entre planos fechados, sempre com uma câmera bem livre, e os abertos (elaboradíssimos) pode equivaler à também oposição entre o clima de férias como que permanente (paisagem tropical idílica e corpos bronzeados) com a angústia e o desgaste do crescimento íntimo.

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