Cronograma:
23/agosto; 06 e 20/setembro; 25/outubro; 29/novembro
Quarta-Feira das 19h30 às 21h30
Local: Rua Saldanha Marinho, 792 – Piracicaba/SP
Pagamento: R$ 350,00 no ato da inscrição
Inscrição até 20/agosto/2017: mmariguela@gmail.com
Vagas limitadas
Enunciado:
Publicado em 1966, Écrits é um livro acontecimento. Coletânea histórica do percurso de Jacques Lacan em seu empreendimento de retorno à Freud. Em cada ensaio, a letra inscreve o trabalho em curso: Lacan, o escritor.
Há o ensino de Lacan nos Seminários, transmissão oral. Há o ensino de Lacan em outro modo de transmissão, a letra inscrita de próprio punho. No lançamento Écrits, numa conferência em Lyon, “Lugar, origem e fim do meu ensino”, Lacan assumiu publicamente que há ensino em seus escritos: “[o livro] trata simplesmente do lugar onde cheguei, o que me põe na postura de ensinar, uma vez que ensino há”.
No palco público do Seminário atuou por três décadas interrogando os praticantes da clínica psicanalítica e ensinando a ética da psicanálise; com mestria, encarnou a figura emblemática de Sócrates na Ágora.
Na reclusão de escritor ou no palco dos Seminários, forçou a língua mátria a dizer o indizível. Sua inovadora prática clínica revolucionou a história da psicanálise. Leitor surrealista da letra freudiana, atraiu multidões de diferentes matizes e lugares.
No Curso de Extensão que proponho, sustento uma hipótese de leitura para selecionar alguns escritos: cada texto/ensaio podem ser lidos como cartas exortativas, escrita com endereçamento e com uma função específica.
Do latim exorto, o verbo exortar é um chamado ao ânimo, estimulando, encorajando, incitando à ação. Como estilo epistolar, na antiguidade clássica, a exortação tinha o propósito de chamar ao ânimo, animar, estimular. Era um instrumento para encorajar os soldados em campo. A persuasão é a estratégia da escrita exortativa pois pretende convencer o leitor à ação.
Assim, divido a proposta de leitura em módulos para cada tema escolhido no conjunto dos Escritos. Neste 1º, A agressividade em psicanálise, escrito na forma de um “relatório teórico apresentado no XI Congresso dos Psicanalistas de Língua Francesa; reunido em Bruxelas em meados de maio de 1948”.
O relatório apresentado em 5 Teses sobre a “noção de agressividade na clínica e na terapêutica” explicitou o propósito de “provar perante os senhores se é possível formar [da agressividade] um conceito tal que possa aspirar um uso científico, isto é, apropriado a objetivar fatos de uma ordem comparável na realidade, ou mais categoricamente, a estabelecer uma dimensão da experiência cujos fatos objetivados possam ser considerados variáveis”.
Bibliografia Básica:
LACAN, Jacques. A agressividade em psicanálise. In: Escritos. Tradução: Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
___________. Meu Ensino. Tradução: André Telles. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.
FOUCAULT, Michel. Genealogias do estatuto da parresia: as práticas do dizer-a-verdade sobre si mesmo. In: A Coragem da verdade. Curso no Collège de France (1983-1984). São Paulo: Martins Fontes, 2011.
MILNER, Jean-Claude. A obra clara: Lacan, a ciência e a filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996.
PORGE, Erik. O gênio clínico de Lacan. In: Jacques Lacan, um psicanalista – percurso de um ensino. Brasília: Editora UNB, 2006.
ROUDINESCO, Elisabeth. Os Escritos: retrato de um editor. In: Jacques Lacan: Esboço de uma vida, história de um sistema de pensamento. São Paulo: Cia das Letras, 1994.
DUNKER, Cristian. Por que Lacan? In: Coleção Grandes Psicanalistas. São Paulo: Zagodoni, 2016