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Psicanalista com formação em filosofia e doutor em psicologia da educação pela Unicamp.

Tese de Doutorado: Jacques Lacan, o passador de Georges Politzer

Tese de Doutorado – Unicamp – 2005

Título: Jacques Lacan, o passador de Georges Politzer. Surrealismo e Psicanálise.

Resumo:

O objetivo desse trabalho é investigar a presença do ensaio de Politzer, Crítica dos Fundamentos da Psicologia, publicado em 1928, na tese de doutorado em psiquiatria de Lacan, Da psicose paranóica em suas relações com a personalidade, publicada em 1932. Tal presença brilha por sua ausência: o nome de Politzer não é citado nenhuma vez e, a despeito disso, a letra politzeriana está contida na construção do caso clínico Aimée: o drama da mulher que chegou em Paris em 1929 com o propósito de publicar seus romances. Para estabelecer a relação entre Lacan e Politzer utilizo como ferramenta de análise os argumentos de Michel Foucault sobre a função autor. Em sua leitura de Freud, Politzer criou as condições para que Lacan pudesse interpretar o drama de Aimée como estruturante de sua personalidade. Desse modo, a leitura que Lacan fez de Politzer foi decisiva para sua entrada no campo da psicanálise. Para demonstrar que a função autor se exerce na instauração da discursividade, demarco um cenário histórico específico: o surrealismo na França entre 1925 e 1935, realizando, assim, uma análise genealógica das produções históricas das diferenças. A perspectiva da leitura dos textos aqui recortados é demonstrar que o movimento surrealista abriu as fronteiras para que a recepção da obra de Freud pudesse adquirir consistência teórica e prática num espaço cultural que até essa década permaneceu refratário à psicanálise. Concluo indicando que Lacan foi o passador de Politzer por ter instaurado uma prática clínica por descontinuidade com a concepção ontológica de inconsciente.