Artigo publicado em 1999 na Revista CULT Ano III nº 28:
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Cartografia do território da psicanálise
Grupo de Estudos – FREUD & NIETZSCHE – Piracicaba
Promovido pelo Diretório Central dos Estudantes da UNIMEP
Objetivos:
1 Instaurar um espaço de transmissão do saber filosófico e psicanalítico para além da sala-de-aula que possa reunir discentes de diferentes cursos para estudo e pesquisa na obra de Sigmund Freud e Friedrich Nietzsche.
2 Estabelecer um critério de transversalidade para sustentar a relação entre Freud e Nietzsche e desdobrar assim uma estratégia de formação cultural pelo diálogo entre pensadores da cultura contemporânea.
3 Definir um campo conceitual que permita articular problemas específicos da ética e de uma genealogia da moral.
4 Criar uma Revista Digital que possa veicular a produção de textos produzidos pelos membros do grupo de estudos.
Justificativas:
Os encontros do Grupo de Estudos pretendem sustentar uma interlocução entre pontos específicos da obra de Sigmund Freud e Friedrich Nietzsche. Partiremos do seguinte pressuposto: Freud, o inventor da psicanálise, foi um leitor curioso do pensamento filosófico de Nietzsche. Há referências explicitas ao nome de Nietzsche nas obras de Freud.
Contemporâneos da emergência dos estudos filológicos, ambos determinaram os desdobramentos das técnicas de interpretação no século XX. Para além de apontar influências ou débitos intelectuais por em relação os nomes Freud e Nietzsche implica constatar, primeiramente, que ambos partilham de um cenário histórico comum. Nada consta que tenham se encontrado.
Freud fez referência às idéias de Nietzsche em pelo menos três momentos no conjunto de sua obra: 1- no parágrafo acrescentado em 1919 no final do item B (“Regressão”) do capítulo VII (“A psicologia dos processos oníricos”) da Die Traumdeutung [A Interpretação dos Sonhos]; 2 – na nota de rodapé no escrito de 1923, O Ego e o Id; 3- no capítulo X “A Massa e a Horda Primitiva” do livro A Psicologia das Massas e Análise do Eu, publicado em 1921.
Ao longo deste século, diferentes autores tematizaram a relação Freud-Nietzsche. Paul-Laurent Assoun, por exemplo, comentou a estranha contemporaneidade entre Freud e Nietzsche, citando a ata da Sessão de 01 de Abril de 1908 da Sociedade Psicanalítica de Viena em que Freud afirmou que não conhecia a obra de Nietzsche, que nunca conseguiu estudá-lo, que não ia além de meia página nas tentativas de lê-lo. Citou também duas outras ocasiões em que Freud disse ter recusado o grande prazer proporcionado pela leitura de Nietzsche e ter evitado, por muito tempo, o contato com sua escrita.
Michel Foucault alinhou Nietzsche, Freud e Marx para analisar as rupturas que cada um, a seu modo, realizou na hermenêutica moderna. No Colóquio Nietzsche, realizado em 1964, Foucault afirmou: “No primeiro volume do Capital, textos como o Nascimento da Tragédia, e A Genealogia da Moral, a Traumdeutung, situam-nos de novo ante técnicas interpretativas. E o efeito do seu impacto, o gênero de ferida que estas obras produziram no pensamento ocidental, deve-se provavelmente ao fato de terem significado para nós o que o mesmo Marx qualificou de ‘hieroglíficos’. O que nos coloca numa posição incômoda, já que estas técnicas de interpretação nos dizem respeito, e que nós, como intérpretes, teremos que interpretarmo-nos a partir destas técnicas”.
Público Alvo:
Discentes dos cursos da Faculdade de Ciências Humanas e demais interessados na obra de Freud e Nietzsche; Professores de Filosofia e História que trabalham na rede pública ou privada; Profissionais da Psicologia
Docente Responsável:
Prof. Dr. Márcio Mariguela – (FCH-Unimep)
Promoção: Diretório Central dos Estudantes
Horário: 2 encontros mensais aos sábados das 9 as 12 horas
Início: 10/04/2010
tese de Mestrado: Sobre Os Fundamentos Epistemológicos Da Psicologia
tese de Mestrado – Unicamp – 1994
Título: Sobre Os Fundamentos Epistemológicos Da Psicologia
Resumo:
A pesquisa em psicologia educacional tem se pautado em dois critérios metodológicos: quantitativo e qualitativo. O primeiro é identificado com o positivismo e o segundo procura justificar-se na fenomenologia. Procuramos escapar desse suposto conflito metodológico, introduzindo a discussão no campo dos fundamentos epistemológicos da psicologia. Definimos como objeto de estudo os projetos de fundamentação da psicologia que se apresentam como eixos norteadores da prática metodológica.
Estabelecendo uma identidade entre epistemologia genética e teoria do conhecimento, Jean Piaget apresentou a psicologia como fundamentos das ciências do homem. Amedeo Giorgi propõem que a psicologia deve se fundamentar na fenomenologia como critério metodológico e assim, definir seu espaço junto aas ciências humanas. George Politzer elaborou uma crítica aos fundamentos da psicologia tendo como referencia o método interpretativo inaugurado por Freud na construção do inconsciente. A interpretação não é para Politzer um método introspectivo pois supõe um outro como referência para, através da transferência, realizar o processo de construção do sujeito do desejo.
Grupo de Estudos em Psicanálise – Rio Claro
Desde 2006, um grupo de profissionais do campo psi decidiu estudar Freud e Lacan. Convidaram-me para assumir a função de coordenador e estamos trilhando um percurso de trabalho centrado nos conceitos fundamentais da psicanálise: inconsciente, repetição, transferência e pulsão.
Atualmente trabalhamos com o Seminário 8 – A Transferência de Jacques Lacan para sustentar hipóteses sobre o manejo da transferência na clínica do real. Os desdobramentos deste trabalho serão apresentados numa Jornada de Estudos que será realizada no segundo semestre de 2010.
Evento – Jornada ‘O Manejo da Transferência na Clínica do Real’
Descrição
Os membros do Grupo de Estudo em Psicanálise, sediado em Rio Claro, propõem-se a apresentar, em jornada especialmente organizada para tanto, reflexões que tenham por base o Seminário 8, ‘A Transferência’, de Jacques Lacan, objeto dos estudos de tal grupo nos últimos meses, a partir de ideia lançada pelo psicanalista Márcio Mariguela em set./09.
Assim, foi constituído o núcleo chamado ‘4 + 1’ com o propósito de fazer acontecer a jornada – no que se refere a explicitar suas proposituras, a estruturar a apresentação, a encaminhamentos práticos e a sua divulgação –, nos moldes próprios de uma formação lacaniana, tendo em vista o percurso didático no campo da psicanálise a que os membros desse grupo de estudo manifestaram desejo de seguir.
Assim, o ‘4 + 1’ traz como proposta:
1Objetivo: exercício efetivo de inscrição de cada membro em seu percurso analítico, pelos atos da escrita, de sua apresentação pública e da posterior veiculação mais ampla dessas reflexões. As reflexões partirão da experiência clínica, quer na dimensão da extensão quer da intenção, e pessoal de cada membro, tendo por sustentação teórica e conceitual a bibliografia tratada ao longo das atividades do Grupo de Estudo em Psicanálise, bem como aquilo oriundo da vivência em seus encontros, em forma de exposições, debates, análises etc.
Trata-se do desafio e da oportunidade de espelhar a leitura empreendida na dinâmica de estudos desse grupo, com o que se possa espelhar o relato de cada percurso de trabalho com o texto. O sentido é que cada um tome a palavra, voltando ao texto naquilo que o tocou e afetou, em um ato de invenção: inventar um texto, uma escrita de si! Mesmo porque não se escreve daquilo que se sabe, uma vez que o saber não está dado anteriormente; tampouco para produzir ‘saber’ – mas, sim, para ser afetado pelo próprio escrito.
2Eixo central: Seminário 8, ‘A Transferência’, de Jacques Lacan. Temáticas/ possíveis palavras-chave: inconsciente, repetição, pulsão, transferência, inscrição…
3 Os trabalhos deverão ser entregues em versão eletrônica ao ‘4 + 1’, que se debruçará sobre forma e conteúdo deles, eventualmente fazendo considerações a seus autores. Essa comissão organizará o material recebido, com vistas à sua exposição, segundo a composição de mesas que estabelecerá para a jornada.
4 A forma de apresentação não será obrigatoriamente de leitura do texto encaminhado ao ‘4 + 1’. Desde que tenha por base tal trabalho escrito, cada expositor irá definir o modo de fazê-lo, dentro do tempo máximo de 30 minutos.
5 A jornada será aberta ao público, cabendo ao núcleo ‘4 + 1’ iniciativas de divulgação, indicação de folders e de convites a pessoas relacionadas ao universo da psicanálise e terapêutico de modo geral, de forma a conferir maior visilibidade ao evento.
6 Será dado prazo de alguns dias, após a referida apresentação, para que os expositores possam conferir eventuais ajustes a seus trabalhos, levando em conta comentários, críticas, sugestões ou ideias que possam surgir durante a jornada e o debate dela oriundo.