CONVITE – CONVERSA DE BOTECO
17/OUT/2011 – 20H
LAO BAR BISTRÔ – Rua do Vergueiro, 156 – Centro – Piracicaba
“Cheguei em Paris no ano em que Claude Monet morreu. Na época falavam de Picasso, Matisse, Renoir, Cezane. Eu não conhecia nenhum trabalho deles. Eu era um bisonho lá em Paris, um caipira de Piracicaba que estava com o pé numa civilização grande. Não sabia quem era Monet, Manet, Van Gogh. Para mim o Alípio Dutra era um Deus. De modo que eu era muito bisonho, infantil mesmo. Eu tava sonhando, delirando com aquela cidade luz”.
auto retrato – pintado em Paris /1928
O SESI/Piracicaba, com apoio da Secretaria Municipal de Ação Cultural, convidou-me para expor um tema que pudesse relacionar arte e vida. De pronto pensei em resgatar a entrevista que realizei com o pintor Antonio Pacheco Ferraz em 1997, na época com 94 anos e pleno de histórias para contar. Durante uma tarde visitei o ateliê o mestre Pacheco e, com um certo tom psicanalítico, fui dando linha para ele narrar sua trajetória como pintor. Naquela ocasião o Brasil recebeu a visita das telas de Claude Monet, pertencente ao acervo do Museu Marmottan de Paris. A exposição das Ninféias de Monet atraiu uma multidão ao Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiroe ao Museu de Arte de São Paulo.
Aproveitando o cenário, decidi convidar o Pacheco para uma exposição com o propósito de demonstrar sua matriz fundadora no impressionismo. Gentilmente aceitou o convite e, desse modo, tornei-me curador da mostra intitulada: “Antonio Pacheco Ferraz: um piracicabano na Bretanha”. Interessava-me as representações que fez da região norte da França: lugar considerado por ele o mais belo que já tinha visto. Revisitar aquela entrevista editada e publicada na Revista Impulso/UNIMEP nº 24 (http://www.unimep.br/phpg/editora/revistaspdf/impulso24.pdf ) permite reinscrever a memória da viagem a Paris em 1926 – momento de efervecência cultural no mundo das artes parisiense com o lançamento do Primeiro Manifesto do Surrealismo.
Ao chegar em Paris, a técnica impressionista era a estética hegemônica na Academia de Belas Artes onde Pacheco foi estudar pintura. O tempo da revolução das cores imputada pelos impressionistas na pintura moderna já havia se tornado padrão de formação para os jovens pintores. Uma nova rovolução estava em curso: a aplicação da estética literária surrealista na produção pictórica. Dois espanhóis estavam detonando as regras de formação: Salvador Dalí e Pablo Picasso. Pacheco não ficou imune aos rumores da revolução surrealista. A tela “O sonho do pintor” de 1971 é uma obra testamento. Nela encontra-se um retrato histórico da síntese que ele realizou entre o impressionismo e o surrealismo. Pacheco banhou-se nestas duas nascentes e foi capaz de realizar uma síntese admirável.
“Esse quadro eu começei fazendo uma paisagem e depois transformei numa homenagem à Bretanha. Eu levei um ano para pintar. Nunca consegui expor. Tenho por ele o maior xodó. Varias vezes tentei tirá-lo daqui para expor mais tenho medo de que sofra alguma avaria. Esse quadro é a síntese da minha vida, é minha história”.
na WEB:
http://www.saopaulo.sp.gov.br/patrimonioartistico/sis/leartista.php?id=32