Grupo de Estudos em Freud – 2º Semestre 2017 – A Sexualidade na Etiologia das Neuroses

Cronograma: 02, 16 e 30/agosto; 13 e 27/setembro;

04 e 18/outubro; 08 e 22/novembro

Quarta-Feira das 19h30 às 21h

Pagamento: R$ 60,00 a cada encontro

Local: Rua Saldanha Marinho, 792 – Piracicaba/SP

Inscrição para iniciantes: mmariguela@gmail.com

“Acabo de ler, encantado, o Narcisismo. Fazia tempo que não tinha um tal prazer numa leitura. Devo confessar-lhe que há anos não consigo ler nada além de seus escritos. O Sr. nos mimou muito, nos dando coisas bonitas e fortes demais para ler, depois delas, nada mais tem sabor”

(Carta de Sándor Ferenczi à Sigmund Freud, 04/julho/1914)

 

Enunciado:

Neste ano, lancei a proposta de leitura retroativa do ensaio “Luto e Melancolia”, escrito em 1915 e publicado 1917, para o ensaio “Introdução ao Narcisismo” (1914).

Dedicamos o 1º semestre ao estudo de “Luto e Melancolia”. Identificamos várias camadas que compõem o texto e o modo como remetem ao estatuto da melancolia ao longo da história da cultura ocidental, desde os gregos na antiguidade até a nosografia neuropsiquiátrica da época de Freud que localizava os sintomas melancólicos na categoria de psicose maníaco-depressiva (PMD).

Também destacamos o que Freud antecipa e seus desdobramentos na construção arquitetônica da 2ª tópica do funcionamento do Aparelho Psíquico. Em especial, a gênese do Super-eu e o problema econômico do masoquismo.

No artigo “Neurose e Psicose”, escrito 10 anos depois do “Luto e Melancolia”, Freud encontrou um lugar para instalar a melancolia na nosografia psicanalítica do sofrimento psíquico. Estabeleceu a etiologia comum à irrupção de uma psiconeurose ou psicose: “a frustração, a não realização de um daqueles desejos infantis nunca sujeitados, tão profundamente enraizados em nossa organização filogeneticamente determinada”.

A descrição de um agente psíquico responsável pela manutenção da frustração impunha uma nova cartografia do aparelho psíquico: “O comportamento do Super-eu deve ser levado em consideração, o que não se fez até agora, em todas as formas de doença psíquica. Podemos, no entanto, postular provisoriamente que tem de haver afecções baseadas num conflito entre Eu e Super-eu. A análise nos dá o direito de supor que a melancolia é um exemplo típico desse grupo, e reivindicamos para esses distúrbios o nome de ‘psiconeuroses narcísicas’”.

Nesse 2º semestre, este é o ponto de passagem para prosseguir o trabalho de leitura retroativa ao texto “Introdução ao Narcisismo”.

  1. contexto histórico da escrita do ensaio sobre o Narcisismo.
  2. a situação da clínica de Freud em 1914.
  3. a nosografia do Transtorno de Personalidade Narcísica no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5.
  4. narcisismo e megalomania: a mania na melancolia e na psicose.

 

Bibliografia Básica:

FREUD, Sigmund

“Introdução ao Narcisismo” (1914)

“Luto e Melancolia” (1915)

“Alguns tipos de caráter encontrados na prática psicanalítica” (1916)

In: Obras Completas. Volume 12. Tradução: Paulo César Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

“Sobre o mecanismo da paranoia” (3ª parte) do relato do caso Schreber de 1911 In: Obras Completas. Volume 10. Tradução: Paulo César Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

LAMBOTTE, Marie-Claude “Narcisismo”. In: Dicionário Enciclopédico de Psicanálise: o legado de Freud e Lacan, editado por Pierre Kaufmann. Jorge Zahar Editor, 1996.

GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo Introdução à metapsicologia freudiana. Volume 3. Jorge Zahar Editor, 1995.

OVIDIO, Metamorfoses, Livro 3, versos 345 a 520 (gênese do mito de Narciso na história da cultura ocidental).

No link abaixo poderão acessar a tradução realizada por Raimundo Nonato Barbosa de Carvalho, como tese de pós-doutorado defendida na Universidade de São Paulo, 2010

http://www.usp.br/verve/coordenadores/raimundocarvalho/rascunhos/metamorfosesovidio-raimundocarvalho.pdf