Um pedaço de história, um traço, um risco no tempo
Um pedaço do que já não sou lançado na web
Um pedaço do que sonho depositado aos pés de Kronos
Um pedaço do que acredito enviado nas asas do desejo
Mil pedaços estilhaçados de um espelho voraz
Milhões de estrelas indicando o caminho
Zilhões de estrelas marinhas com os braços abertos
Márcio Mariguela
Nasci em abril de 1962, em Taquaritinga, conhecida como a capital paulista do tomate. Cresci entre ruas de terra com grandes árvores, abrigo para inúmeras brincadeiras infantis. Colhi muitas caixas de tomates, que eram processados pela indústria Etti Produtos Alimentícios. Também lá trabalhei, embalando extratos e goiabadas.
Segui para Campinas em busca de melhor oportunidade de trabalho e de educação. Após uma formação técnica em contabilidade, cursei dois semestres de ciências econômicas na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCamp), mas abandonei para estudar filosofia, na mesma universidade.
Com o diploma de licenciado em mãos, entrei como docente no curso de magistério do Colégio Ave-Maria, ministrando disciplinas de filosofia, sociologia e psicologia da educação. Essa experiência profissional conduziu-me ao programa de mestrado na Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A dissertação daí resultante foi publicada em 1996 pela Editora Unimep, com o título Epistemologia da Psicologia.
No final da década de 1980, dei início à minha análise com um psicanalista que pratica a clínica inventada por Jacques Lacan. O percurso desse tratamento levou, passo a passo, ao estudo das obras de Sigmund Freud e dos Seminários proferidos pelo psicanalista francês nos anos de 1950-1960. Ingressei em 1996 como membro da Escola de Psicanálise de Campinas, onde realizei minha formação teórico-clínica, através do trabalho de ensino e transmissão da psicanálise. Participei de varias comissões e da direção; coordenei grupos de estudos e cursos; tive, sobretudo, a grata e feliz oportunidade de conviver com psicanalistas comprometidos com a ética da psicanálise.
No final da década de 1980 ingressei na Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) como docente de História da Filosofia Contemporânea ministrando aulas nos cursos de filosofia, psicologia e história. Fui também coordenador do curso de filosofia em dois períodos: de 1994 a 1999 e de 2004 a 2007. Durante 25 anos exercitei atividade docente integrando o trabalho de ensino e pesquisa. Na Unimep pude viver diferentes experiencias
Minha área de atuação como docente e pesquisador está circunscrita nas relações entre psicanálise e filosofia na história contemporânea. Mais especificamente, dialogo com os seguintes autores: Freud, Lacan, Nietzsche e Foucault. Como num tabuleiro de xadrez, movo os conceitos que estes instauradores de discursividade inventaram.
Desse modo, reconstruí a cena parisiense do movimento surrealista em que Politzer decidiu viver a partir de 1922. A proposta inicial era sustentar que a leitura da obra fundadora da psicanálise (A Interpretação dos Sonhos) realizada por Politzer continha as sementes lançadas pelo Primeiro Manifesto Surrealista, de 1924, e que tal leitura, por sua vez, determinara os rumos da psicanálise francesa, tendo como perspectiva central a relação entre psicanálise e literatura.
Por alguns anos, abandonei o curso de doutorado e o projeto foi para gaveta. Segui adiante com a leitura de Freud e Lacan. O tempo de concluir a formação acadêmica se impôs: decidi ser chegada a hora de dar um destino ao conjunto de escritos que tinha guardado. Ingressei em 2004 no programa de doutorado em psicologia educacional na Faculdade de Educação da Unicamp, na qual apresentei a tese no ano seguinte: “Jacques Lacan, o passador de Georges Politzer: surrealismo e psicanálise”. A tese, totalmente revista para sua publicação no suporte livro, foi editada em 2007 pela Jacintha Editores, com o título: Psicanálise e Surrealismo: Lacan, o passador de Politzer.