Masoquismo e Sadismo: pulsão polimorfa e perversa

GRUPO DE ESTUDOS EM FREUD 1º semestre 2020

Masoquismo e Sadismo: pulsão polimorfa e perversa

Cronograma:

12 e 26/fevereiro; 11 e 25/março; 08 e 22/abril;

06 e 20/maio; 03 e 17/junho

4ª feira das 19h às 21h

Pagamento: R$ 70,00 a cada encontro

Local: Edifício Primus Center

Av. Independência, 350 – sala 43 – Piracicaba/SP

Vagas limitadas: 20

A inscrição será efetuada com o pagamento antecipado do 1º encontro

Mais informações: mmariguela@gmail.com

Enunciado:

Desde longa data traçamos o projeto de pesquisa da hipótese fundadora do campo teórico e clínico da psicanálise inventada por Freud: o sofrimento psíquico é causado pela pulsão sexual recalcada. Quanto maior o grau de exigência moral, maiores os malefícios vividos pelo agrupamento humano submetido a tais exigências.

Investigamos a etiologia sexual dos sintomas neuróticos e psicóticos, traçada desde a correspondência [1887-1904] de Freud com Fliess até a cartografia do aparelho psíquico construída em 1923 com a publicação do livro O Eu e o Isso. Desde o início, o problema da interiorização do código moral esteve presente nas leituras realizadas e, em especial, traçamos a genealogia do SuperEu como instância psíquica responsável por instituir o que se nomeou, desde Nietzsche, como consciência moral. Com a nova cartografia do aparelho psíquico em mãos, Freud iniciou o trabalho de reconstrução da teoria e da prática clínica.

A proposta de trabalho de leitura em Freud para 2020 procura selecionar alguns artigos em forma de ensaio, escritos para extrair as consequências do novo modelo de estruturação do funcionamento psíquico em 3 instâncias ou sistemas: Eu, SupeEu, Isso [o inconsciente].

O primeiro efeito do livro O Eu e o Isso foi interrogar A Organização Genital Infantil: “com as observações seguintes pretendo reparar uma negligência no âmbito do desenvolvimento sexual infantil”. A nova teoria pulsional [pulsão de vida, Eros; pulsão de morte, Thanatos] impôs a Freud mais do que uma reparação, um deslocamento significativo para a clínica e aspectos importantes da pulsão sexual tal como era descrita antes de 1920.

Deste passo em deslocamento, Freud apresentou critérios diagnósticos imprescindíveis para distinguir a etiologia sexual nos sintomas de neurose histérica e neurose obsessiva, por um lado; e por outro, nos sintomas psicótico-paranoico. No ensaio, Neurose e Psicose (1924), ofereceu uma fórmula simples” para psicodiagnóstico: “a neurose é o resultado de um conflito entre o Eu e o Isso, enquanto a psicose é o análogo desfecho de uma tal perturbação nos laços entre o Eu e o mundo exterior”. Aqui, novamente, o problema da interiorização do mundo exterior na formação do SuperEu. Freud voltou a este tema, meses depois, no ensaio A Perda da Realidade na Neurose e na Psicose.

No ensaio, O Problema Econômico do Masoquismo (1924), encontramos um problema que permaneceu em aberto desde a publicação dos Ensaios sobre a Teoria Sexual em 1905: qual a relação entre o masoquismo e o sadismo? Admitindo a descrição de 3 modalidades do masoquismo – erógeno, feminino, moral – qual a relação entre eles e o componente sádico correspondente à pulsão de morte, de destruição?

O masoquismo moral foi, fenomenologicamente, mais instrutivo para Freud rever o núcleo constitutivo da pulsão: o complexo de Édipo; extrair Algumas Consequências Psíquicas da Diferença Anatômica entre os sexos (1925). Aos poucos, o construtor da psicanálise deslocou a rota do tratamento psíquico, encaminhando-o para o campo da ética: lugar onde as singularidades são marcas diferenciais e ser/estar no mundo.

Bibliografia Básica:

FREUD, Sigmund Obras Completas – volume 16. Tradução: Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. Os textos selecionados para leitura no semestre estão contidos no volume 16.

Imagem:
Bond of Union (1956)
Maurits Cornelis Escher